Realmente sou masoquista quando paro para pensar na noite de ontem. Mas masoquista feliz e extasiado com os momentos que vivi.
Mesmo repetindo o mesmo set list de suas apresentações anteriores no país. Foram 19 músicas - seis delas de sua antiga banda, o Smiths - executadas para cerca de 8 mil pessoas, que esgotaram todos os ingressos no Espaço das Américas, em São Paulo.
Antes da apresentação do músico britânico, a cantora Kristeen Young foi a responsável por entreter a plateia. Com um show teatral e que remete muito à islandesa Björk, Kristeen baseou seu repertório de pouco mais de meia hora. Eu particularmente não gostei, mas ela arrancou aplausos de muitos por ali. Talvez em respeito ou sei lá o que (risos), mas todos voltaram a gritar o nome de Morrissey após a apresentação, quando videoclipes de outros artistas como Nico, Brigitte Bardot e New York Dolls (todas as influências de Mozz) eram exibidos no telão.
O telão desapareceu, intencionalmente, pouco depois das 21h quando um Morrissey trajado da tradicional camisa com quase todos os botões abertos e um crucifixo no peito, apareceu no palco junto de sua banda. Nunca pulei, gritei, berrei e me acabei ao ver aquela cena. (Primeira lagrima caindo em meu rosto) e ele logo dizendo “Olá São Paulo” fazendo todos berrarem e pularem mais ainda.
Abriu com "First of the Gang to Die". Ele solta: "Agora que vocês me acharam, como poderiam me deixar?", disse o ex-Smiths, com a carismática petulância que marcaria suas intervenções durante as músicas nesta noite. Uniformizados, os integrantes de sua banda usavam as camiseta "Assad Is Shit" - uma crítica ácida ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, cuja repressão aos seus opositores deixou cerca de 90 mortos no último sábado, 10.
A acústica do Espaço das Américas não favoreceu o show, cujo som ficou embolado a maior parte do tempo. O impacto da abertura das canções que vieram a seguir, como "You Have Killed Me", "Black Cloud" e "When I Last Spoke to Carol" foi quebrado por uma inconstância sonora que atingia os ouvidos. Os telões laterais, desligados, também não ajudavam os fãs que estavam lá trás. Mas eu tinha plena visão perfeita do palco, afinal fui cedo para a fila a fim de conquistar um bom lugar. E a que custo foi tudo isso. Chegando na fila (Maku, Rique e eu), já fazendo amizades com o pessoal próximo e foi muito divertido. Muito papo, coisas em comum quando de repente desaba uma tormenta na cidade que me fez lembrar Londres onde meu cérebro acido fez o trocadilho básico do tipo (Mozz é inglês e chuva é dia lindo pra ele). Kkkkk Valeu cada gota, cada vento gelado e cada grito de ABRE OS PORTÕES. Coro esse seguido por todos na fila.
Mas voltando ao show, "Alma Matters", da fase noventista de Morrissey, precedeu "Still Ill", a primeira do Smiths executada na noite. O público, ensandecido, teve em seguida "Everyday Is Like Sunday", cantada como eu disse anteriormente em um domingo tipicamente britânico na capital paulista, repleto de chuva e nublado. Os fãs, com os cabelos molhados de suor, chuva e lagrimas pulavam e balançavam as mãos ao som de um Morrissey simpático, que brincou diversas vezes com o público.
Momento de "colocar a mão na consciência", o hino vegan "Meat Is Murder" deixou o Espaço das Américas em silêncio. No telão, eram mostrados galinhas, bois e vacas sendo cruelmente mortos. "Morte sem razão é assassinato", cantava Morrissey, que saiu de cena por instantes enquanto a banda fazia uma jam session que beirava o rock progressivo, com direito a intervenção de um gigantesco gongo instalado atrás do baterista. Como aconteceu anteriormente em sua passagem pelo Brasil, ele criticou o Príncipe Harry, que está no país. "Não, não, não", repetiu Morrissey, ao insistir que o país não desse seu dinheiro ao Reino Unido.
"Ouija Board, Ouija Board", um single obscuro dos anos 80, passou quase despercebido. O mesmo não se pode dizer de "I Know It's Over", canção do Smiths do disco The Queen Is Dead, que iniciou uma série de lágrimas por parte de alguns fãs presentes. Evocando sinceridade em cada um dos seus versos, Morrissey não ligou para a acústica do local e fez sua voz dramática ressoar por todos os cantos. Ovacionado, em "Let Me Kiss You" o britânico atirou sua camisa ao público, exibindo boa forma no auge de seus 52 anos de idade. As meninas e claro, alguns garotos simplesmente deliraram nessa hora.
O ápice do show, e que deve permanecer nas lembranças dos presentes por algum tempo, foi com "There Is a Light That Never Goes Out". "Agora que já estamos um pouco mais íntimos, acho que podemos fazer isso", disse Morrissey, antes do clássico riff criado por Johnny Marr ser executado.
Mas "Please, Please, Please Let Me Get What I Want", executada em uma versão ainda mais minimalista do que a original, me fez chorar copiosamente me vindo todas as lembranças que esta música me trás e me dando um ar de renovação. Neste momento eu não sentia mais minhas pernas, elas não existiam para meu cérebro e as dores de ficar horas de pé desapareceram como se eu tivesse tomado Umas doses de morfina suficiente para eu rir e chorar a todo momento.
Depois da clássica "How Soon Is Now", afirmou: "Estou tão feliz, não consigo ir embora", disse, com um sorriso triste. "Não sei o que fazer."
Eu gritei “FICA MOZZ VAI TER BOLO” Fica ai tocando e cantando até o sol raiar.
Fechando com "One Day Goodbye Will Be Farewell", Morrissey retornou ao palco com uma bandeira do Brasil enrolada na cintura, gesticulando e fazendo gracejos ao público. Inúmeros "eu amo vocês" vieram antes que um suado, esgotado e dedicado showman deixasse o palco. Doze anos não diminuíram nem um pouco o amor dos fãs pelo britânico - e vice-versa. Mas espero que em sua próxima vinda a infraestrutura seja digna do carisma do ídolo. Pois fazendo uma critica ao Espaço das Américas, a infra é péssima. Tomamos chuva do lado de fora de tal modo que até alagou o hall de entrada, o som ficou distorcido em alguns momentos e a venda de bebidas era precária. Espero que quando ele voltar, faça um show mais digno de Morrissey sendo feito num espaço melhor.
Mas valeu cada sofrimento, dor, lagrima, suor que senti essa noite. Prova disso foi ao final do show eu abraçar meus amigos chorando e rindo feito bobo. Digno de foto essa cena que ficará marcado em meu peito e cérebro a ferro e fogo.
Veja abaixo o set list da apresentação:
"First of the Gang to Die"
"You Have Killed Me"
"Black Cloud"
"When Last I Spoke to Carol"
"Alma Matters"
"Still Ill" (The Smiths)
"Everyday Is Like Sunday"
"Speedway"
"You're the One for Me, Fatty"
"I Will See You in Far-Off Places"
"Meat Is Murder" (The Smiths)
"Ouija Board, Ouija Board"
"I Know It's Over" (The Smiths)
"Let Me Kiss You"
"There Is a Light That Never Goes Out" (The Smiths)
"I'm Throwing My Arms Around Paris"
"Please, Please, Please Let Me Get What I Want" (The Smiths)
"How Soon Is Now?" (The Smiths)
Bis
"One Day Goodbye Will Be Farewell"
VALEU MOZZ por me dar mais este momento tão lindo que senti essa noite.
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۩ ₪₪ Λύκος Δθχτυ ₪₪ ۩
1 comentários:
Mesmo depois de quase 2 meses q li esse post, reli essa postagem, e a sensação de olhos marejados ao se recordar desse dia especial foi idêntica a da primeira leitura. Recordar um momento como esse é sempre algo muito especial!
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